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Triagem auditiva e autismo: quando investigar além da surdez?

Bebê realizando triagem auditiva neonatal com profissional de saúde

Muitos pais se preocupam quando percebem que a criança não responde ao ser chamada. Esse é um dos sinais que acendem o alerta para investigar autismo ou perda auditiva

 

Porém, o que poucos sabem é que essas duas condições podem apresentar sintomas parecidos, o que torna essencial realizar uma triagem auditiva precoce e um acompanhamento multidisciplinar.

 

Embora o autismo e a perda auditiva não tenham uma relação direta, entender suas semelhanças e diferenças é fundamental para garantir um diagnóstico correto e um desenvolvimento saudável.

 


 

Autismo e surdez: existe relação entre as duas condições?

 

A resposta é não, o autismo e a perda auditiva são condições distintas. Entretanto, alguns comportamentos típicos de crianças autistas, como não responder ao nome, demorar para falar ou evitar contato visual, também podem aparecer em casos de deficiência auditiva.

 

Essas semelhanças confundem pais e até profissionais, levando à suspeita inicial de surdez em muitas crianças que, mais tarde, recebem o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Um estudo mostra que mais de 60% dos pais de crianças autistas tiveram a perda auditiva como primeira hipótese diagnóstica. Isso reforça a importância da avaliação auditiva desde os primeiros meses de vida.

Para entender melhor sobre os sinais iniciais, veja também:
Sinais de autismo: como identificar precocemente


 

A importância da triagem auditiva neonatal

 

A triagem auditiva neonatal (TAN), conhecida como o teste da orelhinha, é obrigatória e deve ser realizada ainda nas primeiras horas de vida do bebê.
Esse exame simples, rápido e indolor permite identificar alterações auditivas precoces, favorecendo a intervenção imediata.

 

Mesmo quando o teste inicial apresenta resultado normal, é importante continuar o acompanhamento, especialmente se a criança apresentar sinais de atraso na fala ou dificuldades de interação.

 

Além da TAN, exames complementares como a audiometria e o PEATE (Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico) ajudam os especialistas a mapear a resposta do sistema auditivo a estímulos sonoros.

Saiba mais sobre o papel da fonoaudiologia no desenvolvimento infantil em:
Fonoaudiologia e autismo: quando começar o acompanhamento


 

Sintomas que confundem: autismo ou perda auditiva?

 

Durante o desenvolvimento infantil, é comum que pais e educadores percebam comportamentos que geram dúvida. Entre eles:

 

    • A criança não responde quando chamada;

    • Evita contato visual;

    • Atraso na fala ou ausência de balbucios;

    • Dificuldade em interagir com outras pessoas;

    • Reação exagerada ou ausência de resposta a sons.

Esses sinais podem indicar tanto autismo quanto perda auditiva.


A diferença está na intenção comunicativa:

 

    • Crianças com perda auditiva geralmente tentam se comunicar de outras formas (gestos, expressões faciais).

    • Crianças com TEA, por outro lado, podem não buscar essa interação social espontaneamente.

Por isso, o olhar atento dos pais e educadores, aliado à avaliação de especialistas, é essencial.

Leia também: Meu filho não fala: ele é autista?


 

Quando investigar além da surdez

 

Nem sempre o primeiro diagnóstico é o definitivo. Se a criança passa pela triagem auditiva e não apresenta perda auditiva significativa, mas continua com dificuldades de comunicação, interação ou comportamento, é importante investigar possíveis sinais de TEA.

 

Entre as situações que merecem atenção estão:

 

    • Falta de interesse em brincar com outras crianças;

    • Dificuldade para manter contato visual;

    • Reações desproporcionais a ruídos (hipersensibilidade sonora);

    • Foco excessivo em objetos específicos (hiperfoco);

  • Dificuldade em compreender expressões faciais ou emoções.
 

Esses comportamentos podem indicar alterações no processamento sensorial e social, características do autismo.

Para entender melhor sobre as diferenças sensoriais, acesse:
A importância da sala de integração sensorial no tratamento do autismo


 

Diagnóstico correto: a importância da equipe multidisciplinar

 

O diagnóstico preciso depende de uma avaliação conjunta entre especialistas, como fonoaudiólogos, neuropediatras, terapeutas ocupacionais e psicólogos.


Enquanto os exames auditivos identificam alterações físicas ou neurológicas na audição, os testes comportamentais ajudam a compreender como a criança processa e reage aos estímulos.

 

O trabalho multidisciplinar é fundamental, especialmente nos casos em que há autismo e perda auditiva simultaneamente.


Quando isso acontece, o tratamento deve ser adaptado, considerando as necessidades sensoriais do paciente, por exemplo, o desconforto que alguns autistas sentem ao usar aparelhos auditivos devido à hipersensibilidade sonora.

Entenda como a integração entre terapias faz diferença:
O poder das terapias integradas no autismo


 

O papel da fonoaudiologia e da família no desenvolvimento

 

O tratamento para quem apresenta TEA e perda auditiva envolve acolhimento, rotina e adaptação sensorial.


O fonoaudiólogo especialista em autismo tem papel essencial para:

 

    • Estimular a comunicação verbal e não verbal;

    • Treinar o uso gradual do aparelho auditivo;

    • Promover a aceitação sonora em ambientes controlados;

    • Orientar a família sobre estratégias de comunicação eficazes.

A família, por sua vez, deve atuar como parceira, reforçando os estímulos em casa e mantendo uma escuta empática.


Cada avanço, por menor que pareça, é um passo importante rumo à autonomia.

Leia também: Comunicação alternativa: estratégias para ampliar o diálogo com autistas


 

Triagem auditiva e autismo: o diagnóstico que muda trajetórias

 

A triagem auditiva não é apenas um exame, é uma porta de entrada para o diagnóstico precoce e o desenvolvimento pleno.


Quando feita de forma cuidadosa e integrada, permite identificar não só alterações na audição, mas também sinais que podem indicar outros transtornos do neurodesenvolvimento, como o TEA.

 

Quanto mais cedo for feita a intervenção, maiores são as chances de a criança desenvolver habilidades de fala, comunicação e socialização.

 

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A triagem auditiva é o primeiro passo para garantir que nenhuma criança tenha o desenvolvimento comprometido por uma perda auditiva não diagnosticada.


Mas, além disso, é uma ferramenta essencial para investigar possíveis sinais de autismo, já que muitas manifestações se sobrepõem.

 

Buscar ajuda especializada é a melhor forma de compreender o que está por trás dos comportamentos da criança e oferecer o suporte certo, no momento certo.

 

Com diagnóstico precoce e acompanhamento multidisciplinar, é possível promover autonomia, comunicação e qualidade de vida.

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