Os sinais do transtorno do espectro do autismo surgem na primeira infância. O diagnóstico tardio pode afetar a qualidade de vida e o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas.
Alguns fatores pesam para essa demora no diagnóstico. A condição socioeconômica e o acesso à informação dos pais por exemplo, é uma das barreiras documentadas em pesquisas na identificação dos primeiros sinais que podem sugerir que se trata de uma criança autista.
O adiamento na procura de profissionais capazes de fechar o diagnóstico, por receio ou estigma quanto ao autismo, também não pode ser descartado. Muitos pais enfrentam essa situação e buscam se satisfazer com afirmações como “ela está no tempo dela”, ou “cada criança tem seu tempo”.
Por isso, vale destacar a importância de observar seu filho e ao menor sinal de atraso no desenvolvimento da fala, falta de contato visual, de expressões ou qualquer outra desconfiança quanto à aquisição de habilidades de linguagem, procure um profissional para orientar a família.
As dificuldades no diagnóstico do autismo
É muito importante que as crianças com autismo recebam tratamento precoce para que possam desenvolver habilidades sociais e cognitivas. No entanto, a dificuldade em realizar precocemente o diagnóstico, faz com que ele só ocorra tardiamente, em muitos casos.
O diagnóstico tardio acontece, pois muitas vezes, a criança recebe outros diagnósticos antes do autismo ser detectado. Muitas são diagnosticadas com TDAH, por exemplo, ou com problemas de processamento sensorial. Assim, o autismo não é detectado até que as demandas da escola e das situações sociais aumentem.
O diagnóstico tardio pode levar a consequências como:
- A falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas;
- Crianças autistas podem não ter medo do perigo o que pode gerar graves acidentes, sua agressividade pode trazer transtorno na vida escolar e dentro de casa;
- Piora no comportamento e vida social da criança: agravamento de padrões de comportamento considerados inadequados e consequente isolamento da criança de seus pares;
- Crises nervosas ocasionadas pela falta de habilidade na gerência de suas emoções e pela hipersensibilidade sensorial característica do TEA, mais bem administradas quando a criança tem acesso às terapias disponíveis.
O quadro de autismo não é estático, alguns sintomas modificam-se, outros podem amenizar-se e vir a desaparecer, porém outras características poderão surgir com o decorrer do tempo.
Portanto, são aconselhadas avaliações sistemáticas e periódicas. Não há um tratamento que cura o autismo, mas algumas técnicas comportamentais e educacionais trazem benefícios quando iniciadas precocemente.
O tratamento pressupõe uma equipa multidisciplinar como: Acompanhamento médico (pediatria, neurologia e psiquiatria) e Acompanhamento em Terapias (psicologia, fonoaudiologia, pedagogia, terapia ocupacional, musicoterapia, nutrição, fisioterapia e orientação familiar), e inclusão social (Habilidade sociais), uma vez que a intervenção apropriada resulta em considerável melhora da evolução.
O êxito do tratamento torna-se visível ao longo dos anos. Por este facto a família não deve medir forças para manter o autista até à sua fase adulta incluso na sociedade, pois as consequências podem-se agravar se existir exclusão.
Portanto, o autismo não tem cura e possui diversos espectros, níveis de severidade e cada pessoa irá manifestar de diferentes formas o transtorno. O diagnóstico na sua fase inicial evita piora dos sintomas que comprometam a vida social do indivíduo.
A demora no processo de diagnóstico e aceitação é prejudicial ao tratamento, uma vez que a identificação precoce permite um encaminhamento adequado e influencia significativamente na evolução da criança.
Sendo assim, o tratamento precoce com equipe capacitada e multidisciplinar, é fundamental para garantir maior qualidade de vida, maiores chances de atenuar características que interfiram nas relações sociais do indivíduo, maior possibilidade também de acolhimento familiar, e inclusão social.

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