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Regressão no Autismo: Mitos, Realidades e Intervenções

Entenda o que é regressão no autismo, quais são os sinais mais comuns, os principais mitos e o que a ciência comprova.

A regressão no autismo é um fenômeno observado em uma parcela significativa de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Embora nem todos os indivíduos com autismo apresentem esse padrão, estima-se que cerca de 20% a 30% percam habilidades previamente adquiridas, especialmente nos domínios da linguagem expressiva, comunicação social e brincadeiras simbólicas.

Neste artigo, abordamos os principais mitos e realidades associados à regressão no autismo, bem como as evidências científicas que orientam os caminhos mais eficazes de intervenção.

O que caracteriza a regressão no autismo?

A regressão no autismo (ou regressão no TEA) é definida como a perda de habilidades já adquiridas durante um período crítico do desenvolvimento, geralmente entre 15 e 30 meses de idade.

Sinais típicos:

  • Perda de palavras ou frases funcionais já usadas
  • Redução do contato visual e da responsividade social
  • Diminuição na utilização de gestos comunicativos (como apontar, acenar)
  • Interrupção do interesse por brincadeiras com outras crianças ou adultos

Em muitos casos, a regressão no desenvolvimento ocorre de forma gradual, o que dificulta sua detecção precoce. Pode ser confundida com variações típicas do desenvolvimento ou com períodos de maior irritabilidade e retraimento social.

Mitos sobre a regressão no autismo

Mito 1: “A regressão é causada por vacinas”

Diversos estudos epidemiológicos de grande escala, conduzidos em diferentes países, demonstraram que não há qualquer relação causal entre vacinas — em especial a tríplice viral (MMR) — e o autismo ou a regressão no desenvolvimento. Esse mito surgiu após um estudo de 1998 que foi retratado por má conduta científica.

Mito 2: “A regressão no autismo indica um quadro sem possibilidade de melhora”

Embora a regressão possa estar associada a um perfil de desenvolvimento mais atípico, ela não determina, de forma definitiva, o prognóstico da criança. A plasticidade cerebral nos primeiros anos de vida permite ganhos significativos quando há intervenções adequadas e personalizadas.

O que dizem as evidências científicas

Estudos longitudinais mostram que crianças com autismo que passam por regressão no desenvolvimento podem, com o suporte correto, recuperar habilidades perdidas e adquirir novas competências ao longo do tempo.

Intervenções recomendadas para estes casos:

  • Análise do Comportamento Aplicada (ABA): metodologia estruturada para desenvolver habilidades e reduzir comportamentos disfuncionais
  • Terapia fonoaudiológica: essencial para resgatar e fortalecer a comunicação
  • Terapia ocupacional: foca na autonomia funcional, regulação sensorial e desenvolvimento motor
  • Intervenções mediadas por pais: envolvem os cuidadores no processo terapêutico com ótimos resultados a longo prazo

Caminhos para agir diante da regressão

Diante da suspeita de regressão no autismo, recomenda-se:

  • Avaliação clínica especializada com profissionais experientes em TEA
  • Registro cuidadoso do desenvolvimento da criança, com vídeos e relatos
  • Início imediato das intervenções, mesmo antes do diagnóstico formal
  • Acompanhamento contínuo e reavaliações periódicas, respeitando a individualidade

Considerações finais

A regressão no autismo é um fenômeno complexo, mas não representa um ponto final no desenvolvimento. Com intervenções precoces, baseadas em evidências, e apoio contínuo às famílias, é possível promover avanços significativos na qualidade de vida e autonomia das crianças afetadas.

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